terça-feira, 29 de abril de 2014

A taça de juros

Os acréscimos de um jogo

Há 64 anos, quando o Brasil sediava a primeira Copa do Mundo e a moda continuava sendo o bambolê, cientistas políticos e economistas tiveram que “rebolar” para criar estratégias de estabilização econômica. E hoje? Estamos fazendo direito nossa lição de casa? Independente da sua resposta, o resultado de quem paga o pato, a gente já conhece.

Para desacelerar as dúvidas e incertezas em 1958, Juscelino Kubitschek lançou o PEM - Programa de Estabilização Monetária, para reduzir taxas de inflação sem colocar em risco a execução de um estruturado plano de metas. Assim, considerando o desempenho positivo da economia brasileira numa época de pós-Segunda Guerra Mundial até o advento do movimento militar de 1964, nosso país atingiu o desenvolvimento que se pretendia. Se, naquele mesmo ano, não foi uma Copa a melhor maneira de atingir rápidos resultados de crescimento, na atual Copa perdemos a melhor chance. Afinal, foram previstos investimentos de serviços em infraestrutura de até R$ 30 bilhões.

No Brasil, a Copa já começou no negativo. Além dos outros problemas, a Federação de Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo — Fecomercio/SP, demonstrou preocupação com o impacto negativo dos 64 feriados autorizados com a Lei Geral da Copa.

Segundo o economista e professor da Univap, Roque Mendes, o fato de um megaevento como a Copa não impulsionar o PIB de um país não deve ser um problema exclusivo do Brasil. Um estudo divulgado pela FGV — Fundação Getúlio Vargas, afirma que, apesar da expectativa de que o Mundial elevaria o PIB em 1,5%, em dezembro de 2013 o Banco Central previu um cenário diferente com menos de 1%. Escândalos políticos também foram decisivos para causar desconfiança do mercado internacional. Resultado que podemos observar com o aumento dos juros. Se você não percebeu isso ainda, experimente comer um lanche ou mesmo tomar um sorvete durante a Copa.

O clima de insatisfação já está instalado desde a abertura da Copa das Confederações, quando a presidente Dilma Rousseff e o presidente da FIFA, Joseph Blatter, foram vaiados diante do público presente no estádio Mané Garrincha.

Há dois meses da Copa, manifestações se tornaram frequentes. Portanto, a bola não irá rolar somente 90 minutos dentro de campo. O jogo mais importante pode acontecer fora dele.

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